segunda-feira, 27 de junho de 2011
Design-e2: excelentes matérias!
http://www.design-e2.com/
domingo, 19 de junho de 2011
+ uma boa da Fundação Gates
www.khanacademy.org
"O extraordinário sucesso de um jovem matemático do MIT mostra como a internet pode ser uma poderosa ferramenta para o ensino - e revolucionar a maneira como as pessoas assimilam conhecimento."
sexta-feira, 17 de junho de 2011
O futuro com a computação em toda parte
terça-feira, 7 de junho de 2011
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Ensaio: VALORES PARA O DESIGN DESTA DÉCADA
Ele é frágil: cada gesto de design tem uma identidade permeável. O design é dependente. Design é gratidão e retribuição.
Para servir ao desejo, ele pede traduções e penetrações. Pede encontro. Une o Eu e o Outro, os opostos, as diferenças, as contradições. Ele faz sexo pelo mundo afora (obrigada aos amigos da Box por essa linda idéia). Cada design é design de outra área, a moda é gráfica, a gráfica é industrial, que é nanotecnologia, iluminação, música, arquitetura, engenharia espacial. Designer faz jornalismo, ação política, literatura, medicina, ambientalismo, urbanismo, arte - claro! - arte fundamental. O artista desenha o mundo íntimo que transforma o entorno.
O design dessa década, dessa geração, é um invasor dócil dos interstícios do mundo que já existia.
Design é hacker.
Design que não tem sede pelo novo - o novo pelo novo - mas com uma ânsia por um reposicionar novo, por agir de dentro, por mover a fronteira íntima das coisas, das sensações, da experiência, da liberdade, da facilidade - ao invés de querer lançar fronteiras de futuro que seriam, afinal, apenas mais do mesmo, do velho futurismo.
Um design que ama o passado tanto quanto o futuro. Design de preservação. De conexão. De aproximação. Até de transparência.
Um design amoroso, que faz pontes entre classes, instituições, idades, raças, sexos, nações. As nações vão precisar.
O design dessa década tem a cara da geração jovem, dos Millennials, e tem seu mesmo intuito: por uma dívida com a cultura e com o planeta, fazer a retribuição, um cuidado.
As imagens desse design são muito poucas, elas nem existem ainda.
Olhemos o mundo em volta. Nós somos todos muito jovens.
Obrigada à Escola Panamericana, aos alunos e professores, por estarmos juntos nessa.
Andréa Naccache
OLHAMOS EM VOLTA (Nós somos muito jovens)
Cena da performance Sutra - de Sidi Larbi Cherkaoui e Antony Gormley
com 17 monjes do Templo Shaolin em Henan, China.
Essa condição incita a juventude à experimentação com a comunicação, com a linguagem (nas mídias), e com o corpo ( no uso das cameras, nos esportes de aventura e nas viagens). Esta geração está ganhando liberdade quando recorre aos modelos sociais tradicionais.
A juventude contemporânea terá que reconstruir o mundo com meios viáveis, de agora em diante, lidando com doença, poluição e pobreza, e considerando que as nações mais castigadas estão em ascensão.
Com uma compreensão íntima do design e o senso de responsabilidade pelo mundo, esta juventude está se tornando capaz de construir um futuro mais rico e sustentável.
Investigação dos jovens :: a BOX 1824
Outro tempo, outra geração
Hoje, quase três séculos após o Iluminismo, os Estados ficaram mais e mais organizados, burocráticos. As fronteiras e suas leis, mais estritas: sistemas computadorizados monitoram as entradas e saídas, estatísticas retratam a vida nas cidades, o cotidiano é reportado para uma rede online que melhora seu registro, que segue as trilhas das pessoas, que articula seus dados. O mesmo vale para o corpo, escaneado e medido em detalhes. Ingestão, inspiração, transmissões. Finalmente, também a fala se torna informação categorizada. Cada conversa é registrada, com interesse potencial.
Mas a mudança dos tempos não está nessa intensificação dos recursos que nos tornou hipermodernos. O grande salto está em assumir que os controles produzem dados sem sentido.
No corpo, os detalhados registros fazem os médicos darem opiniões contraditórias. Não sabemos se matamos as bactérias com sabão, ou deixamos reforçar a imunologia. Se poluímos água lavando copos, ou usamos os descartáveis plásticos. Se aprimoramos a genética até a eugenia, ou se mantemos a variedade recomendada por Darwin. Perdemos a possibilidade de falar em um instinto de preservação do indivíduo ou da espécie. Há dados demais para sabermos para que lado está o progresso, para que lado a extinção.
No mercado, a população bem conhecida pelo uso da internet não constitui classes, grupos de comportamento ou clusters. O senso de normal começa a nos escapar.
Nas fronteiras, a imigração que empobrece as ruas e sobrecarrega os serviços públicos é também a única fonte de trabalho e intercâmbio cultural para o futuro.
Não sabemos quais portas abrir e quais fechar.
A potência do Iluminismo nos trouxe ao escuro.
Nesse contexto, cresce uma geração que já não pode acreditar na velha escola, no velho Estado, na política central. As lições são colaborativas: Wikipédia. A imprensa é o facebook. A capital do país é a sua casa. Dali partem as ações sociais, de saúde, educação, sustentabilidade.
Estamos diante de uma geração que renuncia a saber o certo na orientação sexual, na raça, no trabalho – jovens tolerantes, que aceitam a variedade, sem hierarquizar os elementos do mundo. Jovens que abrem seus quartos para estrangeiros, que amam as viagens e as línguas mais diversas, que expõem seus corpos ao extremo do risco nos esportes radicais, em um novo encontro da natureza e da finitude.
Uma geração que só não é anti-moderna porque não pensa pela lógica do antagonismo.
Jovens que vêem o mundo como um mesmo barco, e que usarão toda a História, as tradições, as culturas, para construir seu futuro mais rico.
Unidos por uma maior questão, a extinção, essa geração precisará redesenhar toda a performance humana - em um mundo onde parecemos sofrer da possibilidade. Onde a responsabilidade está na escolha.
Que luz trazem as gerações atuais ao nosso senso de nações e fronteiras? Como, com seu mapa-mundi permeável, de contatos irrestritos, os jovens farão a arte e o design do nosso futuro?
Cenas do Iluminismo
O Renascimento ocidental, entre os séculos 15 e 17, fez a passagem do mundo feudal à modernidade, da sociedade de ordem coletiva à individual, que descobre os valores do homem.
Nesse trajeto, já no século 18 floresceu uma filosofia apoiada na razão, que percebeu o valor do pensamento rigoroso, quase matemático.
Os homens eram iguais na razão (daí os escritos contra o escravagismo começaram a ganhar a luz). Surgiam as primeiras declarações de direitos humanos.
Nossa ética passou a ter uma lógica em rede: “não fazer ao outro o que não quer que seja feito a si”. Por isso, o Estado ganhou leis escritas, fundadas na vontade geral, e três poderes que vigiassem uns aos outros – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário – uma artimanha da razão para não deixar os homens tomarem decisões movidos por seus apetites pessoais.
Diderot e D’Alembert, na França, escreveram a primeira enciclopédia, ensinando ao público letrado as descobertas dos cientistas e o funcionamento das formidáveis máquinas que, a essa altura, a engenhosidade humana produzia. Era preciso deixar o povo letrado. Uma proposta de educação.
"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutela que estes mesmos se impuseram. Tutelados são aqueles incapazes de fazer uso da própria razão sem a direção de outrem. É-se culpado da própria tutela quando ela não decorre de uma deficiência do entendimento, mas da falta de resolução e coragem para fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo"
Sapere aude! - Ouse saber!
Usar a razão para viver bem junto aos outros, e a ciência para construir sobre a natureza. A razão é fazer distinções, categorias, traçar linhas, procurar coerência, evitar cdições.
Nessa forma de modernidade, há sempre o Eu e o Outro, dentro e fora. O homem em oposição à natureza. Cada Estado e seus vizinhos. O corpo do homem e seus antígenos. A modernidade entende barreiras e defesas. Ela define normal e patológico.
A sociedade é pensada como contrato, por Jean-Jacques Rousseau ou Thomas Hobbes. As fronteiras como linhas de independência.