quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ILLUMINAÇÕES na Panamericana :: EXPO :: 17 e 20 de novembro

A Panamericana toma a contemporaneidade como tema de estudos e celebração. Mais que isso, a Escola a assume como modelo para construir esta Exposição. A interpenetração de identidades, ingrediente tão próprio ao contemporâneo, vem sugerir uma psicanalista para dar o conteúdo de partida e acompanhar as curadorias. Inversão de papéis, a psicanalista começa falando à Escola, no primeiro semestre, sobre questões para a Arte e o Design desta década. De Mark Zuckerberg aos índios de Roraima. Da juventude de Woodstock à geração mutante e caleidoscópica atual, em um mundo em que até os países com muralhas estão conectados e em contato. A psicanalista fala antes. A Escola se faz escutar em seu melhor, em seguida. Longamente. Os estímulos das Illuminações retornam em múltiplos trabalhos dos alunos. Muito mais leituras da atualidade, de suas luzes e cantos escondidos, são acrescentadas ao nosso repertório. Os fotógrafos saem às ruas, invadem as casas, o campo, redescobrem o olhar da natureza, testam as tecnologias. Os artistas revêem materiais e formas, ligações, símbolos, histórias, fundamentos, suportes. Quem lançou as idéias agora aprende com o retorno dos trabalhos. Um canal de internet é estabelecido com os alunos. Os professores se reúnem nas tardes de sexta-feira, ao longo do semestre, para debater as obras e encadear a curadoria. A futura Exposição dos Alunos exige prévia e intensa Exposição dos seus Professores. Eles apresentam ao Comitê os trabalhos de suas turmas, defendem pontos de vista, caminhos para avançar, colhem sugestões, suscitam debates. A curadoria, com os Notáveis e a Direção da Escola, faz todos nós vermos que as discussões de cada proposta, de cada obra, tocam os mais preciosos temas do ensino e da criação em artes. A Escola é capaz de um tempo e de um espaço sem distâncias, fica plena de relatos de histórias de vida e de ficção, que já não se distinguem. Colhemos performances pessoais que hoje, com as mídias em rede infindável, serão iluminadas por quem quiser da humanidade – e honram seus autores, e honram quem os reconhece. Interdependência: Podemos perceber bem a conexão entre os trabalhos, entre os pensamentos dos Alunos, ligados às mesmas sintonias. O Illuminações se provou um exercício da presença, para os Alunos e a Escola: as idéias preenchem as salas de reunião e de aulas, e o Comitê que organiza a Exposição caminha pelas escadarias ao encontro das propostas dos Alunos. Parabéns aos novos artistas, pelo empenho nos trabalhos, pelos frutos dados em Illuminações, por esta exposição. Uma celebração à Panamericana e seus Professores, da Direção à sala de aula, por uma experiência de permissão, escuta, fala livre e competente, e descobertas. Bem–vinda a contemporaneidade. Bem-vindos os alunos e amigos desta Escola.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Absoluta elegância ética

Refletindo sobre a atitude que baniu John Galliano do universo da moda, encontrei na rede sua contraparte, o oposto, a delicadeza ética nas mãos de alguém que poderia - ele sim - esbanjar "auto-estima" e vaidade. "Ninguém está errado, ninguém está certo", diz Karl Lagerfeld. A preciosa entrevista foi dada ao The Luxury Channel. Lagerfeld discute seus próprios limites e seu empenho pessoal em manter uma voz para a moda, mostra uma postura respeitosa quanto aos diversos tempos e ambientes da moda, seu senso de elegância e luxo, faz considerações sobre a passagem dos tempos, internet, marketing (em que ele não pensa...) e mais. Imperdível: http://www.youtube.com/watch?v=sVqgqzTUBxY (foto do site: www.theswellelife.com)

Sedução Brasileira: o favorito dos BRICS

Um elogio do jornalista do Financial Times, Tyler Brulé, à expressão brasileira no design, na hotelaria, na moda, na música, que fazem o Brasil ser, para ele, de longe, o eleito entre os países mais atraentes em termos de cultura, luxo, criação e conforto no Bric. A matéria é de agosto de 2010, e mantém circulação nos emails dos designers estrangeiros nossos amigos, que sempre a reenviam, para lembrar sua admiração por alguns aspectos do nosso país. A ver: http://www.ft.com/intl/cms/s/2/90f63c48-abe9-11df-bfa7-00144feabdc0.html#axzz1cfENrgCX (foto: www.blogdoluxo.com.br)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A tecnologia pode esperar

Matéria do New York Times traz a postura inusitada de escolas Waldorf na Califórnia, e especialmente daquelas que recebem os filhos dos grandes ases da tecnologia de Silicon Valley: nada de computadores, tablets e telefones na primeira infância. Os cálculos, a escrita, a produção retorna às mãos experimentadoras dos pequenos. Leia mais: http://www.nytimes.com/2011/10/23/technology/at-waldorf-school-in-silicon-valley-technology-can-wait.html?_r=2&pagewanted=2

domingo, 23 de outubro de 2011

Photochains

Campanha integrada criada pela Leo Burnett Sydney, propõe uma nova forma de social networking, baseada no compartilhamento da inspiração por trás de cada fotografia. Vale ver os resultados de mercado da campanha ao final do vídeo... em vendas da Canon. http://www.youtube.com/watch?v=wS1dO8ydngE

sábado, 15 de outubro de 2011

O Mundo do Futuro

O Discovery Channel traz, no seriado O Mundo do Futuro, o episódio sobre Lares. Uma demonstração de funções da tecnologia para a vida doméstica, desde a geladeira interativa que reconhece produtos e faz pedidos automáticos de compra (a serem entregues em uma caixa de correio que, claro, também tem geladeira), até recursos ecológicos de projetos como a Villa Bio, de Enric Ruiz Geli (vale ver: http://www.archdaily.com/48760/villa-bio-enric-ruiz-geli/) e o prédio dinâmico de Dubai, de David Fisher, em que os apartamentos (de 3 milhões de dólares) podem girar em torno do eixo central para seguir ou evitar a luz direta do sol, sob comando de voz, e no qual, a cada andar, uma hélice para produção de energia eólica permite abastecer os apartamentos e ainda vender o excedente de eletricidade aos vizinhos (para ver mais: http://www.dynamicarchitecture.net/, no vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=iY0Uuyf8Xhw)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SP FOTO com 750 obras

O maior encontro da fotografia na América Latina, a 5a edição do SP-ARTE/FOTO, aconteceu no Shopping Iguatemi, em São Paulo, de 14 a 18 de setembro. Aberta ao público, gratuita, a mostra reuniu 750 obras de 26 galerias de São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Iorque e Barcelona. O público pode ver trabalhos dos notáveis da Escola Panamericana Arnaldo Pappalardo e Bob Wolfenson, e de Albano Afonso, Caio Reisewitz, Claudia Jaguaribe, Geraldo de Barros, Lucia Koch, Luiz Braga, Rochelle Costi, Márcia Xavier, Marina Abramovic, Massimo Vitalli, Robert Polidori e Thomas Farkas, entre outros grandes nomes da fotografia. Sete galerias novas trouxeram obras de jovens fotógrafos. O evento apresenta, também gratuitamente, um ciclo de palestras e debates com mediação de Denise Gadelha, especialista em arte contemporânea. Para não perder: Shopping Iguatemi - São Paulo: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2232, 9o. andar. Abertura em 14 de setembro para convidados. Visitação aberta ao público de 15 a 18 de setembro. Horários: quinta e sexta: das 16h às 22h. Sábado e domingo: das 14h às 20h. Site do evento: http://sp-arte.com/web/inicio/?F&2011-SP__Foto-2011-7-INICIO-INICIO-0-A-0-0

A popularidade em 140 toques

O estudo a seguir fala de como e quando os tuiteiros ganham popularidade. Algumas das descobertas: não são necessariamente os tuiteiros com mais seguidores que têm mais influência, na forma de menções e retuítes; quando alguém tem influência, consegue ser ouvido em uma pluralidade de tópicos; enfim, influência não se alcança por acidente, é preciso certos esforços como manter os tuítes em torno de algum tópico em especial. Será o critério da popularidade dos tuítes análogo ào da vida profissional? Para ler a publicação por Augusto de Franco: http://twitdoc.com/upload/augustodefranco/twitter.pdf

Enigma cinematográfico: a inspiração de Picasso para Guernica

No aniversário de 30 anos da chegada de Guernica à Espanha, o jornal El País indaga sobre a inspiração para Picasso: será que as cenas retratadas do quadro, mais que uma visão do bombardeiro de Guernica em 1937 pelos alemães, foram baseadas em uma sequência de 5 minutos do filme "Adeus às Armas", de Frank Borzage? Esta é a hipótese do diretor de fotografia contemporâneo José Luis Alcaine que, no próximo 4 de outubro, receberá uma Medalha de Ouro da Academia de Cinema justamente onde o quadro está exposto desde 1992: no Museo Reina Sofía de Madrid. A sequência do "Adeus às Armas" que fez Alcaine lembrar Guernica mostra o êxodo noturno de militares e civis por uma estrada bombardeada por aviões. A primeira vista, para ele, há algumas importantes imagens no filme que remetem ao quadro: uma mão branca de dedos grossos moribunda no barro, uma mulher clamando aos céus, cavalos e patas de cavalos, uma mãe agarrada ao filho como pietà, chamas e um homem caído, com braço estendido. Alcaine provoca o público com a idéia e brinca, com o dizer italiano: "Se non è vero, è ben trovato". (El País: http://www.elpais.com/articulo/cultura/enigma/cinematografico/Guernica/Picasso/elpepicul/20110909elpepicul_1/Tes)

Paul McCartney e Doris Day em conversa aberta

Para os fãs do Beatle, ou da cantora, uma curiosa entrevista mútua cedida ao jornal britânico Daily Telegraph, por ocasião do retorno dela aos estúdios, aos 87 anos de idade, 17 anos depois de seu último trabalho. http://www.telegraph.co.uk/culture/music/rockandpopfeatures/8733533/Doris-Day-and-Paul-McCartney-in-conversation.html Chamada e foto da Folha: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/970611-doris-day-entrevista-paul-mccartney-para-jornal-britanico.shtml

As artes da tragédia: 11 de setembro

Esta semana, a imprensa colocou em discussão as imagens produzidas no 11 de setembro e as elaborações artísticas decorrentes. O jornal francês Le Monde considerou a importância das imagens serem revisitadas na memória, lembrando as duras palavras do compositor alemão Karlheinz Stockhausen, de que o atentado às torres foi "a maior obra de arte jamais produzida" http://mobile.lemonde.fr/idees/article/2011/09/10/loin-d-etre-obscene-photographier-une-catastrophe-sert-la-memoire_1570348_3232.html. A finalidade, diz o jornal, é que as imagens reais da morte, "fotogênica e cinematográfica", permaneçam na consciência da humanidade, para jamais serem esquecidas. No jornal Estado, um questionamento franco da qualidade dos retratos já feitos por Hollywood do episódio. Será ainda preciso tempo para que um melhor trabalho seja elaborado? http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,impactos-dos-atentados-na-cultura-dos-eua-foram-insignificantes,770898,0.htm Na Folha, uma breve visão do que pode ter mudado na indústria cultural desde os ataques, nestes 10 anos. http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/972115-ataque-terrorista-de-11-de-setembro-mudou-a-industria-cultural.shtml

Brasil é um dos países com maior proporção de mulheres entre os universitários

Interessante este índice em que o Brasil está lá no topo: há aqui mais mulheres nos níveis altos da educação que homens. A The Economist aponta o Brasil como um país de igualdade na educação (pela preferência feminina?). Nosso país está atrás apenas da Estônia onde, como aqui, elas prevalecem nas profissões voltadas ao ensino. No gráfico, pode-se ver também quais são as áreas de prevalência para o estudo feminino em cada país. http://www.economist.com/blogs/dailychart/2011/09/female-graduation-rates?fsrc=scn/tw/te/dc/degreesofequality

A preciosa educação para as artes

"As artes ensinam estudantes a agir e julgar na ausência de regras, a confiar no sentimento, a prestar atenção nas nuances, a agir e avaliar as consequências de suas escolhas e a revisar e então fazer outras escolhas" - Elliot Eisner, em comunicação para a Universidade de Stanford. Este artigo sumariza e desenvolve os problemas que existem na educação completamente apoiada em racionalizações. O autor defende que os valores das artes devem ser reconhecidos para todas as práticas humanas - como na expressão: é um "artista" da genética, da computação, da cirurgia cardíaca. Isso indica uma qualidade maior que a do conhecimento formal: uma capacidade de trabalhar com todos os outros recursos humanos que não se reduzem às proposições organizadas da linguagem. Saber fazer mais do que se pode dizer ou explicar. Vale acompanhar: "what can education learn from the arts about the practice of education?" http://www.infed.org/biblio/eisner_arts_and_the_practice_of_education.htm

domingo, 28 de agosto de 2011

O mito da cultura popular



Existem expressões culturais superiores umas às outras? Em especial: podemos considerar, como diz a expressão inglesa, que há uma cultura "highbrow" e uma "lowbrow"?
O crítico cultural Perry Meisel, autor do livro The Mith of Pop Culture, questiona essa perspectiva que considera as lições clássicas como superiores à formação pela música e a TV contemporâneas. Estão com eles todos os que eventualmente dão preferência a uma tarde com Dr. House à leitura de maior erudição, ou os fãs de Beatles que não aprenderam a apreciar música erudita. Será que eles estão perdendo?

Talvez valha a pena conhecer o livro mas, para quem gosta desse polêmico tema de reflexão, certamente vale o artigo: http://www.brainpickings.org/index.php/2011/08/23/the-myth-of-pop-culture-perry-meisel/

Design é uma "boa ação"




Mais um artigo curioso do agitado blogueiro W.W., publicado pela The Economist, na sequência de nosso último post, que discutia o que são as "big ideias", as grandes idéias, hoje.

Neste novo texto, W.W. questiona porque a sociedade norte-americana, que preza tanto a filantropia e a caridade como postura dos milionários, aceita que, muito ao contrário de Bill Gates, Steve Jobs não faça nenhum tipo de donativo. Para o articulista, a interpretação é de que somos gratos a Jobs pela disseminação da qualidade estética, da fantasia mágica dos produtos Apple, que agrada a sociedade.
Gostamos de Jobs como dos Medici, a família italiana que serviu arte à população, enriquecendo a Itália de Donatello, Michelangelo e Leonardo. Com Jobs, porém, a satisfação é ainda mais íntima: a estética trazida a novas vidas pessoais, ao trabalho cotidiano.

Vale ver a boa discussão: Beauty justifies wealth, em http://www.economist.com/blogs/democracyinamerica/2011/08/steve-jobs

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Típico da GERAÇÃO X: Steve Jobs

Desenhista caprichosa de cenas atuais, Virginia Postrel escreve sobre Steve Jobs com características típicas da geração x: bloom.bg/pQTfWa

Cita o jornalista Tom Wolfe, em artigo de 1981: “Homens de negócios não têm mais a convicção de que sua atividade é excitante e glamurosa." Com Jobs, desde aquela época, diz ela, ser um homem de negócios voltou a parecer fantástico.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O que é uma "grande idéia" hoje?

Nesta semana a The Economist traz matéria sobre a melancolia dos tempos em que as idéias arrebatavam a sociedade. Agora, a dispersão é grande e o debate... claro: ainda maior.
Como funcionam as grandes idéias em um mundo mais democrático, informado e estudado?
Vale ler o artigo no blog Progress and Privilege:

http://www.economist.com/blogs/democracyinamerica/2011/08/progress-and-privilege?fsrc=scn%2Ftw%2Fte%2Fbl%2Fwhatsthebigidea

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Communal Workspace: como pode ser, para nós?




A cidade de Nova Iorque é atraente para a grande indústria de criação cultural e entretenimento. Entre os prédios enormes da ilha, que acolhem as companhias de estruturas tradicionais, uma outra espécie de criativos, os freelancers e micro-empresários, encontram, nos cafés e hotéis, mais até que em pequenas salas ou espaços alugados, um ambiente estimulante para o dia-a-dia - onde a sensibilidade do mundo e do trabalho dos outros se mescla ao ambiente propício para receber bem clientes e parceiros.

A Fast Company descreveu em detalhes o espaço adotado pelos profissionais criativos em NY no Ace Hotel. Vale ver: http://www.fastcompany.com/magazine/158/ace-hotel-new-york.

sábado, 13 de agosto de 2011

Borges no coração

Para quem gosta de literatura: estamos nos 25 anos da morte de Jorge Luis Borges. O estrela do jornalismo Gay Talese entrevistou o escritor há quase 50 anos e, em homenagem, conta grandes momentos da conversa: http://www.elpais.com/articulo/portada/Borges/corazon/elpepuculbab/20110813elpbabpor_3/Tes

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Colaborações singelas da vida urbana

Aqui, soluções de design que reorientam pequenos hábitos da cidade, como reaproveitamento de sacolas plásticas e até de passes válidos de metrô,
Com impressora 3D e projetos simpáticos, eis os trabalhos dos estudantes do Les Ateliers – Paris Design Institute, no projeto Fabrique Hacktion.
A notícia no blog Ponto Eletrônico: http://pontoeletronico.wordpress.com/2011/07/25/fabrique-hacktion/

O mundo está melhorando: soluções inusitadas

E se pudermos pensar que o mundo - para melhorar - está contando apenas com bons processos criativos levados até a implementação?
O Estadão noticiou esta semana uma solução inusitada para fomento da economia interna das comunidades carentes: a moeda social. A primeira experiência é na Cidade de Deus, no Rio.
Para ver mais: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,cidade-de-deus-tera-1-moeda-social-do-rio,756964,0.htm

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ferran Adrià: matar ou domar o monstro





Freud dissera (creio que citava Goethe, mas nunca localizei a referência) que, quando trouxéssemos à tona o monstro das profundezas (nas grandes revelações), não devíamos afugenta-lo sem antes conversar com ele.

Algumas situações da vida - ou do processo criativo, como transformação - são fortes demais, monstruosas. São difíceis de lidar a ponto de atordoar jovens criativos até a morte. Vimos ressurgirem os debates sobre isso agora, com a despedida de Amy Winehouse. Mas são bastante possíveis de lidar - e este é o equívoco quando se diz que Amy não tinha saída. Suportar grandes transformações faz parte do "gênio" criativo.

A (desnecessária) angústia de criar, diante do poder do "gênio", é tema da palestra de Elizabeth Gilbert (no post abaixo) e retorna no exemplo do mestre da gastronomia Ferran Adrià, que ontem - sem muita clareza de motivos para a imprensa - fechou as portas de seu restaurante na Cataluña, o ElBulli, há anos considerado o melhor restaurante do mundo, com chef mais inovador, pelas mais renomadas avaliações.

Ao contrário das especulações, diz ele, a casa não fecha por problemas financeiros. À imprensa, Ferran comenta: "Mi hermano Albert decía hay que matar al monstruo y yo le decía no, hay que domarlo".

ElBulli pára por dois anos para se tornar uma fundação de investimento e pesquisa em diversos campos da criatividade associados à gastronomia. A matéria do jornal El País traz em detalhes o projeto: http://www.elpais.com/articulo/cultura/elBullifoundation/sera/ecologico/tecnologico/elpten/20110125elpepucul_19/Tes

Para ler sobre a despedida do restaurante, na última noite de serviço, em 30 de julho:
http://www.elpais.com/articulo/cultura/luego/elBulli/elpten/20110730elpepucul_2/Tes

Sobre musas e gênios: para criar sem angústia

Formidável vídeo de Elizabeth Gilbert, autora de "Comer, Rezar, Amar", faz uma análise histórica de como a humanidade lida com a genialidade criativa, percebendo as causas da angústia de tantos criadores (até a morte precoce de muitos). A angústia é inerente ao processo criativo? Ela propõe um ponto de vista mais leve para este novo século.
Fala de seu sucesso e do difícil dia seguinte ao espetáculo. Como continuar quando grandes são as chances que seu melhor trabalho já tenha ficado para trás?

http://www.ted.com/talks/elizabeth_gilbert_on_genius.html

quinta-feira, 14 de julho de 2011

1300!!

Este pequeno blog já excedeu 1300 visitas desde que foi criado! Convite aos visitantes: que além de postar sobre os seus trabalhos, enviem também curiosidades e notícias, ou proponham discussões. O blog tem tido movimento constante. Para quem quiser meu contato, para vermos qualquer função do blog ou para enviar sugestões de como organizar a página: andrea@naccache.net.br. Tks. Bjs!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma camada de games no topo do mundo

É o título da palestra - provocativa - de Seth Priebatsch para o TED em Boston. Vale ver essa proposta de futuro e as críticas do palestrante aos modelos aplicados na internet atual.
http://www.ted.com/talks/view/lang/eng//id/936
Para Seth, estivemos nos últimos anos construindo uma nova camada sobre o mundo que conhecíamos, com as redes sociais. Agora, esta etapa está praticamente pronta, e cabe ao design agora tornar nossas relações excitantes usando os melhores formatos de jogos.
A proposta não é estranha, quando um levantamento das práticas criativas contemporâneas nas empresas norte-americanas leva a publicações como o livro Gamestorming: A Playbook for Innovators, Rulebreakers, and Changemakers.
Brainstorms têm as características de jogos, e têm sido a maneira mais comum (será também a melhor?) de encadear processos criativos coletivos, em tempos em que a inteligência concatenada tem sido muito estimada.
De fato, surge até a expressão "gamefication" das funções tecnológicas e dos projetos de design. Por que não dos projetos de vida?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma visão para 2019

Há 5 anos, a Microsoft publicou sua visão para o final desta década - um tecnologia flexível e ubíqua, muito elegante. O design, porém, implora por variedade e flexibilidade. Não?
http://www.youtube.com/watch?v=g9JBSEBu2q8

domingo, 3 de julho de 2011

Comunicação contemporânea : WIKILEAKS

Esta tarde a Pública, agência de reportagem e jornalismo investigativo, fará sua festa de inauguração aberta e gratuita, com discussões aparentemente muito contemporâneas sobre a comunicação online e, creio, o perfil mix e hacker da produção de conteúdo atual.

Vale ver: LINK

A festa será no dia 3 de julho, a partir das 13 horas, na Rua Vitorino Carmilo, 459.
Será um evento aberto e gratuito, para quem quer discutir o jornalismo fora da redação.
Não é necessário fazer inscrição.


PROGRAMAÇÃO:

CONVERSA PÚBLICA – bate-papo sobre jornalismo independente
- 14 h: Aron Pilhofer, diretor de interatividade do jornal The New York Times que tem diversos projetos paralelos, como o document cloud, que facilita a disponibilização e proteção de documentos na internet. (www.aronpilhofer.com)

- 15 h: Andrew Jennings, único jornalista do mundo banido pela FIFA de participar de conferências de imprensa por causa das diversas denúncias contra a instituição. Andrew está profundamente interssado no processo da Copa 2014 e vai falar sobre isso. (www.transparencyinsport.org)

- 16 h: Kristinn Hrafnsson, porta-voz do WikiLeaks e um dos maiores jornalistas investigativos da Islândia, vai falar sobre a organização e o julgamento da extradição de Julian Assange, que acontece no dia 12 de julho. Se acatada, o fundador do WikiLeaks pode ficar preso na Suécia pelo polêmico caso de abuso sexual.

+ Às 18 horas, roda de Samba com o grupo Timbó.
A Pública aguarda sua presença!
MAIS INFORMAÇÕES: contato.publica@gmail.com

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Design-e2: excelentes matérias!

Segue o link de um conteúdo que tem sido maravilhoso sempre que assisto: o seriado e2 da PBS traz inovadores em diversas áreas - inevitavelmente ligadas a design, arquitetura e urbanismo - focados em melhorar a qualidade de vida no planeta.

http://www.design-e2.com/

domingo, 19 de junho de 2011

+ uma boa da Fundação Gates

Gesto bonito de um professor, que se tornou projeto financiado por Bill Gates:
www.khanacademy.org
"O extraordinário sucesso de um jovem matemático do MIT mostra como a internet pode ser uma poderosa ferramenta para o ensino - e revolucionar a maneira como as pessoas assimilam conhecimento."

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O futuro com a computação em toda parte

John Maeda, designer e ex-professor do MIT, autor do livro As Leis da Simplicidade, publicou esta semana um breve texto sobre 2020 e o tempo em que nem perceberemos mais a computação. Vale ver no link.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Design para os Millennials (Geração Y)

Baby Boomers / Geração X / Geração Y



Ensaio: VALORES PARA O DESIGN DESTA DÉCADA

Nesta década, o design tem responsabilidade para já e para o futuro. Como o facebook, ele não se arroga ser "nem necessário, nem suficiente". Ele só existe porque o mundo pulsa. Seu design só existe porque você o quer.

Ele é frágil: cada gesto de design tem uma identidade permeável. O design é dependente. Design é gratidão e retribuição.

Para servir ao desejo, ele pede traduções e penetrações. Pede encontro. Une o Eu e o Outro, os opostos, as diferenças, as contradições. Ele faz sexo pelo mundo afora (obrigada aos amigos da Box por essa linda idéia). Cada design é design de outra área, a moda é gráfica, a gráfica é industrial, que é nanotecnologia, iluminação, música, arquitetura, engenharia espacial. Designer faz jornalismo, ação política, literatura, medicina, ambientalismo, urbanismo, arte - claro! - arte fundamental. O artista desenha o mundo íntimo que transforma o entorno.

O design dessa década, dessa geração, é um invasor dócil dos interstícios do mundo que já existia.

Design é hacker.

Design que não tem sede pelo novo - o novo pelo novo - mas com uma ânsia por um reposicionar novo, por agir de dentro, por mover a fronteira íntima das coisas, das sensações, da experiência, da liberdade, da facilidade - ao invés de querer lançar fronteiras de futuro que seriam, afinal, apenas mais do mesmo, do velho futurismo.

Um design que ama o passado tanto quanto o futuro. Design de preservação. De conexão. De aproximação. Até de transparência.

Um design amoroso, que faz pontes entre classes, instituições, idades, raças, sexos, nações. As nações vão precisar.

O design dessa década tem a cara da geração jovem, dos Millennials, e tem seu mesmo intuito: por uma dívida com a cultura e com o planeta, fazer a retribuição, um cuidado.

As imagens desse design são muito poucas, elas nem existem ainda.

Olhemos o mundo em volta. Nós somos todos muito jovens.

Obrigada à Escola Panamericana, aos alunos e professores, por estarmos juntos nessa.

Andréa Naccache

OLHAMOS EM VOLTA (Nós somos muito jovens)



















Cena da performance Sutra - de Sidi Larbi Cherkaoui e Antony Gormley

com 17 monjes do Templo Shaolin em Henan, China.



Estudo da geração Y, os chamados Millennials, e sua experiência como primeira geração que enfrenta um sentimento de exclusão, de não-pertencimento, em diversos níveis. Um deles é da Humanidade, pela perspectiva da extinção ecológica. Outro, na intimidade, pela possibilidade de irrelevância, de insignificância da sua palavra e de suas histórias.
Essa condição incita a juventude à experimentação com a comunicação, com a linguagem (nas mídias), e com o corpo ( no uso das cameras, nos esportes de aventura e nas viagens). Esta geração está ganhando liberdade quando recorre aos modelos sociais tradicionais.
A juventude contemporânea terá que reconstruir o mundo com meios viáveis, de agora em diante, lidando com doença, poluição e pobreza, e considerando que as nações mais castigadas estão em ascensão.
Com uma compreensão íntima do design e o senso de responsabilidade pelo mundo, esta juventude está se tornando capaz de construir um futuro mais rico e sustentável.

Investigação dos jovens :: a BOX 1824























Para conhecer a cultura jovem brasileira, repertório imperdível é a pesquisa da BOX1824, SONHO BRASILEIRO.
O site osonhobrasileiro.com.br trará o conteúdo integral desse trabalho brilhante feito com quase 3000 entrevistas a jovens de 18 a 24 de 173 cidades em 23 estados.

Vale muito ver, também deles, o vídeo WE ALL WANT TO BE YOUNG (legendado).

Outro tempo, outra geração










Hoje, quase três séculos após o Iluminismo, os Estados ficaram mais e mais organizados, burocráticos. As fronteiras e suas leis, mais estritas: sistemas computadorizados monitoram as entradas e saídas, estatísticas retratam a vida nas cidades, o cotidiano é reportado para uma rede online que melhora seu registro, que segue as trilhas das pessoas, que articula seus dados. O mesmo vale para o corpo, escaneado e medido em detalhes. Ingestão, inspiração, transmissões. Finalmente, também a fala se torna informação categorizada. Cada conversa é registrada, com interesse potencial.

Mas a mudança dos tempos não está nessa intensificação dos recursos que nos tornou hipermodernos. O grande salto está em assumir que os controles produzem dados sem sentido.

No corpo, os detalhados registros fazem os médicos darem opiniões contraditórias. Não sabemos se matamos as bactérias com sabão, ou deixamos reforçar a imunologia. Se poluímos água lavando copos, ou usamos os descartáveis plásticos. Se aprimoramos a genética até a eugenia, ou se mantemos a variedade recomendada por Darwin. Perdemos a possibilidade de falar em um instinto de preservação do indivíduo ou da espécie. Há dados demais para sabermos para que lado está o progresso, para que lado a extinção.

No mercado, a população bem conhecida pelo uso da internet não constitui classes, grupos de comportamento ou clusters. O senso de normal começa a nos escapar.

Nas fronteiras, a imigração que empobrece as ruas e sobrecarrega os serviços públicos é também a única fonte de trabalho e intercâmbio cultural para o futuro.

Não sabemos quais portas abrir e quais fechar.

A potência do Iluminismo nos trouxe ao escuro.

Nesse contexto, cresce uma geração que já não pode acreditar na velha escola, no velho Estado, na política central. As lições são colaborativas: Wikipédia. A imprensa é o facebook. A capital do país é a sua casa. Dali partem as ações sociais, de saúde, educação, sustentabilidade.

Estamos diante de uma geração que renuncia a saber o certo na orientação sexual, na raça, no trabalho – jovens tolerantes, que aceitam a variedade, sem hierarquizar os elementos do mundo. Jovens que abrem seus quartos para estrangeiros, que amam as viagens e as línguas mais diversas, que expõem seus corpos ao extremo do risco nos esportes radicais, em um novo encontro da natureza e da finitude.

Uma geração que só não é anti-moderna porque não pensa pela lógica do antagonismo.

Jovens que vêem o mundo como um mesmo barco, e que usarão toda a História, as tradições, as culturas, para construir seu futuro mais rico.

Unidos por uma maior questão, a extinção, essa geração precisará redesenhar toda a performance humana - em um mundo onde parecemos sofrer da possibilidade. Onde a responsabilidade está na escolha.

Que luz trazem as gerações atuais ao nosso senso de nações e fronteiras? Como, com seu mapa-mundi permeável, de contatos irrestritos, os jovens farão a arte e o design do nosso futuro?

É o que vamos investigar no Illuminações.

Cenas do Iluminismo

O Renascimento ocidental, entre os séculos 15 e 17, fez a passagem do mundo feudal à modernidade, da sociedade de ordem coletiva à individual, que descobre os valores do homem.

Nesse trajeto, já no século 18 floresceu uma filosofia apoiada na razão, que percebeu o valor do pensamento rigoroso, quase matemático.

Os homens eram iguais na razão (daí os escritos contra o escravagismo começaram a ganhar a luz). Surgiam as primeiras declarações de direitos humanos.

Nossa ética passou a ter uma lógica em rede: “não fazer ao outro o que não quer que seja feito a si”. Por isso, o Estado ganhou leis escritas, fundadas na vontade geral, e três poderes que vigiassem uns aos outros – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário – uma artimanha da razão para não deixar os homens tomarem decisões movidos por seus apetites pessoais.

Diderot e D’Alembert, na França, escreveram a primeira enciclopédia, ensinando ao público letrado as descobertas dos cientistas e o funcionamento das formidáveis máquinas que, a essa altura, a engenhosidade humana produzia. Era preciso deixar o povo letrado. Uma proposta de educação.

A razão é universal no homem, é o que faz com que possamos nos entender, dizia-se. Immanuel Kant então descreveu “O que é o Iluminismo?”

"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutela que estes mesmos se impuseram. Tutelados são aqueles incapazes de fazer uso da própria razão sem a direção de outrem. É-se culpado da própria tutela quando ela não decorre de uma deficiência do entendimento, mas da falta de resolução e coragem para fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo"

Sapere aude! - Ouse saber!


Usar a razão para viver bem junto aos outros, e a ciência para construir sobre a natureza. A razão é fazer distinções, categorias, traçar linhas, procurar coerência, evitar cdições.

Nessa forma de modernidade, há sempre o Eu e o Outro, dentro e fora. O homem em oposição à natureza. Cada Estado e seus vizinhos. O corpo do homem e seus antígenos. A modernidade entende barreiras e defesas. Ela define normal e patológico.

A sociedade é pensada como contrato, por Jean-Jacques Rousseau ou Thomas Hobbes. As fronteiras como linhas de independência.

Essa nova organização olhava o futuro pensando em progresso. A tecnologia deveria aperfeiçoar nossa experiência no mundo. O melhor sempre estaria por vir. Abaixo as tradições. O que era antigo, era equívoco.